Engenheiros agrônomos acompanham evolução do agro

13/10/2020 - A profissão completa 87 anos na segunda-feira , 12 de outubro.

Fonte: AgroLink

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          O engenheiro agrônomo é um profissional fundamental em todos âmbitos. Sua função principal é estar dedicado a produzir, sejam alimentos, energias renováveis, matéria-prima para roupas e muitos outros produtos, que têm servido como alavanca de constante crescimento da economia brasileira.

 

          A profissão completa 87 anos na segunda-feira , 12 de outubro. Criada pelo Decreto nº 23.196, em 12 de outubro de 1933, a modalidade passou por transformações nessas décadas e contribuiu para solidificar o Brasil como protagonista mundial no agronegócio.  

A Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, regulamentou o exercício da profissão. Atualmente, segundo a Câmara Especializada de Agronomia (CEA) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), há 12.904 Engenheiros Agrônomos registrados – 11.088 homens e 1.816 mulheres. São mais de 105 mil inscritos no Sistema Confea/Crea no país.

 

          "Ser agrônoma é uma realização, tive essa oportunidade e me identifiquei", resume a agrônoma e pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC), Angelica Prela Pantano. Aos 17 anos quando terminou o segundo grau, no município que, à época tinha 25 mil habitantes, e tem a agricultura como base da economia. "Embora fizesse o magistério com muito carinho, não era isso que eu queria". Ela sonhava fazer direito, mas a família não tinha condições de mantê-la em outra cidade. Ainda assim, prestou o vestibular do curso desejado. Porém, a data da prova da segunda fase do exame coincidiu com a do curso de Agronomia e ela optou por fazer a prova deste. Afinal, a faculdade de Agronomia ficava na sua cidade e sua mãe trabalhava lá, o que lhe possibilitaria ter bolsa de estudo de 50%.

 

          Marcos Vilela – Engenheiro agrônomo, comemora 61 anos de profissão nesta semana e garante que ao longo dos anos, a história da agronomia se difundiu com o fortalecimento da agricultura brasileira. É que desde a colonização, a ciência agrária ajudou na evolução da economia agrícola, a melhorar a vida do agricultor. E nos dias atuais, as inovações tecnológicas auxiliam neste processo com ferramentas que identificam e diagnosticam doenças no campo sem precisar ir para laboratório, melhorando o combate de fungos e pragas e aumentando a produtividade.

 

          O artigo Engenheiro Agrônomo: profissão que garante a alimentação e o vestuário no mundo , do engenheiro agrônomo Dante Scolari, ele salienta que ao longo dos últimos anos, o nível geral de consumo de alimentos e fibras vegetais da população mundial cresceu substancialmente devido ao aumento da população e do poder de compra dos consumidores. De uma população mundial de 2,518 bilhões de pessoas em 1950, com 732 milhões (29%) vivendo nas cidades e 1,786 bilhões (71%) na zona rural, estima-se que em abril de 2019 a população mundial era de 7,7 bilhões e deverá chegar a 9,7 bilhões em 2050, com mais de 70% vivendo nas cidades. 

 

          Estes dados indicam que nos próximos 30 anos 2,0 bilhões de pessoas serão incorporados ao mercado de consumo. A demanda nos países desenvolvidos, com uma população praticamente estável nesse período, será direcionada para o consumo de carnes, outras fontes de proteínas animal e vegetal e para alimentos semi-preparados que apresentem características funcionais adequadas para uma população de idade média mais avançada. A grande demanda de alimentos virá de consumidores de países pobres ou em desenvolvimento com renda per capita pouco acima de 2.000 dólares e com uma forte demanda por carboidratos (arroz, milho, trigo, sorgo, milheto, tubérculos, etc.) e crescente demanda por proteínas animal (carnes) e vegetal (soja, óleo de palma, feijão, ervilha, quinoa, etc..). 
    
          Isso significa que deverá ocorrer um crescimento dramático na produtividade da das culturas e criações, já que a expansão da fronteira agropecuária está fortemente limitada. Existem poucos países no mundo que ainda possuem áreas aptas não cultivadas para a agricultura e noventa por cento (90%) estão na América do Sul e África. Não existem terras de reserva agricultáveis economicamente na Ásia. A maioria destes poucos países com áreas disponíveis para produção agropecuária não possui infraestrutura, recursos humanos e econômicos nem dominam tecnologias para produzir nestas áreas, de baixíssima produtividade e muitas com forte deficiência hídrica.

 

          O Brasil é a única alternativa viável para alimentar esses dois milhões de consumidores adicionais que entrarão no mercado nos próximos 30 anos.

          A área territorial brasileira é de 851 milhões de hectares, dos quais 244,5 milhões, equivalentes a 28,7%, são utilizados pela agropecuária: 62,6 milhões (7,3%) para a produção de 236 milhões de t de grãos; 8,5 milhões (1,0%) com florestas plantadas; 8,6 milhões (1,0%) com cana-de-açúcar; 6,3 milhões (0,7%) para cultivos perenes; 156,6 milhões (18,6%) de pastagens, que suportam 214 milhões de cabeças de bovinos. O país preserva, na forma de áreas protegidas pela legislação, 548 milhões de hectares, equivalente a 64,4% do total do território. Ainda sobram 56,6 milhões (6,7%) de áreas de reserva.

 

          Graças às pesquisas desenvolvidas pela Embrapa e outras entidades públicas e privadas, pode-se ainda aumentar significativamente a produtividade em todas as culturas cultivadas e também na produção pecuária. A rigor, é possível aumentar substancialmente a oferta de hortigranjeiros, frutas, fibras, energia, grãos e carnes sem expansão da fronteira agrícola, sem desmatar mais nenhum hectare de cerrados ou de florestas. Essa é uma realidade brasileira!

 

          Já existe uma crise global na produção de alimentos e a época de comida farta e barata acabou. Os preços dos produtos agrícolas estão elevados, vis-à-vis a renda per capita do consumidor, e uma parcela importante da população mundial está subnutrida. Nos próximos anos a demanda mundial por alimentos, vestuário, moradia e energia vai aumentar substancialmente para atender uma parcela importante da população mundial que ainda não recebe esses benefícios e para suprir uma demanda adicional de novos consumidores que estarão no mercado. 

 

          A nossa estimativa é que haverá uma demanda mundial adicional de mais de 900 milhões de toneladas de grãos para 2030. Torna-se crítico o aumento da produtividade da produção de alimentos, não só do grupo básico (arroz, milho, trigo e soja), mas também das frutas e hortaliças e das carnes. Esse objetivo se torna ainda mais complexo quando se consideram as restrições à disponibilidade dos recursos naturais que servem de base à produção (terra e água), quanto às restrições dos serviços ambientais, que se configuram como insumos nesses sistemas produtivos: capacidade ambiental para reciclagem de resíduos e de excedentes de insumos (pesticidas, fertilizantes, plásticos, etc.); manutenção ou recuperação da fertilidade dos solos; disponibilidade de polinizadores, entre outras. Essas restrições se agravam ainda mais se considerados os cenários de mudanças climáticas e seus impactos em áreas produtoras de alimentos ao redor do planeta. Adicionalmente, a crescente produção de etanol a partir de milho ou de cana-de-açúcar, visando reduzir a dependência de combustíveis fósseis, irá pressionar ainda mais a necessidade de aumentos substanciais na produtividade dos fatores de produção, com especial atenção para o fator terra! 

         

          Essa demanda adicional deverá ser atendida com novos conhecimentos e novas tecnologias, algumas das quais ainda em fase de desenvolvimento, notadamente aquelas relacionadas à biologia dos solos, de modo sustentável e harmônico, com o uso sustentável dos recursos naturais existentes e sem comprometer a habilidade das gerações futuras de também atenderem suas necessidades. 

Nesse cenário, o papel do engenheiro agrônomo, com o seu amor pelos animais, pelas cidades e campos, rios e florestas, nas mais diversas atividades que pode desempenhar nos campos ou nas cidades, se torna ainda mais relevante. Cabe a ele a responsabilidade maior para alimentar o mundo!

 

          Sua dedicação e seu amor significa que crê no direito dos produtores rurais, independente de tamanho ou escala, a um nível de bem estar social que recompense o seu capital, o seu trabalho e a sua perícia, da mesma forma aos que moram nas cidades. Crê nos benefícios da ciência colocada a serviço do bem comum, na integridade das propriedades, rurais ou urbanas, na amizade e colaboração entre produtores rurais. Acredita nos jovens do campo, no seu anseio por se tornarem alguém, no seu direito a receberem preparação intelectual, física e moral, e a responderem ao apelo da terra que reclama os seus braços. Bem como acredita na prestação dos importantes serviços públicos prestados pela categoria, para todo o cidadão.

Portanto, nada mais verdadeiro do que essa citação histórica abaixo, nesse  dia 12 de outubro, data que homenageia esse profissional responsável pela produção permanente, contínua e sustentável de alimentos, fibras e energia renovável no mundo: 

“Não sei se eram santos, porque eram engenheiros agrônomos ou se eram engenheiros agrônomos, porque eram santos”. 

 

Artigo enviado por Dante D. G. Scolari.