06/04/2020
FONTE: Notícias Agrícolas
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresenta os impactos da pandemia do Corona vírus na produção agropecuária no mercado interno e analisa o que aconteceu no cenário internacional do agro e os efeitos para o país no período de 30 de março a 3 de abril.
Além disso, a CNA tem feito uma série de ações para garantir não apenas o abastecimento da população brasileira, mas também que os produtores com dificuldades de comercializar sua produção continuem vendendo para obter renda neste período e crise.
PANORAMA AGRÍCOLA
Flores e borracha natural
A demanda por flores, plantas ornamentais e borracha natural teve redução drástica. Para as flores, a proibição de eventos e o fechamento de floriculturas e garden centers foram os principais efeitos da pandemia. Alguns segmentos sentem redução de até 90% do faturamento semanal. No caso da borracha natural, a interrupção ou redução da capacidade de trabalho nas beneficiadoras e indústrias está sendo uma das consequências da crise com impacto direto no faturamento do setor. Medidas urgentes de prorrogação de prazo para pagamentos de parcelas a vencer, capital de giro a taxas competitivas e recursos para estocagem encontram-se entre as propostas da CNA para esses segmentos.
Frutas e hortaliças
Com as centrais de abastecimento em pleno funcionamento, alguns estados e municípios retomaram as atividades das feiras livres, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde em relação a higiene para prevenção dos feirantes e de seus clientes.
O funcionamento das feiras livres contribuirá para a retomada dos negócios de pequenos e médios produtores de frutas e hortaliças, principalmente aqueles que têm nestas feiras o principal canal de comercialização.
Para auxiliar nesse processo, a CNA tem atuado junto ao MAPA para criar um regulamento com orientações gerais para o funcionamento das feiras livres, varejões e sacolões. O Sistema CNA/Senar, em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás, Governo do Estado de Goiás e Centrais de Abastecimento (Ceasa/GO), realizou na sexta (03) a primeira edição da FEIRA SEGURA, uma iniciativa que servirá como exemplo para as demais feiras, ao implementar medidas específicas para garantir o abastecimento de hortaliças e frutas à população.
Após duas semanas com forte alteração na demanda e alta volatilidade no preço das frutas e hortaliças, o cenário aponta para uma estabilização com movimentos sazonais decorrentes de safra e entressafra de produção.
Na exportação de frutas, produtores enfrentam dificuldade no despacho aduaneiro em razão da necessidade de envio de documentos originais por via aérea. No caso da maçã, a CNA recorreu ao Ministério da Agricultura para que interceda junto à China e Bangladesh - principais importadores - a fim de que flexibilizem o recebimento de documentos digitalizados durante o período de crise.
Commodities agrícolas
Produção e comercialização de soja e milho seguem dentro da normalidade, após preocupações com as condições logísticas. Para o café, o início da colheita vem acompanhado da preocupação com a disponibilidade de mão de obra e cuidado com os trabalhadores. O Sistema CNA tem informado os produtores quanto aos procedimentos adequados para manutenção da produção.
No setor sucroenergético, a crise do petróleo estabelecida em meio a pandemia tem afetado o faturamento do setor. Para os fornecedores de cana, os riscos aumentam diante da redução de demanda e dos preços do etanol, que podem acometê-los em decorrência do não cumprimento de contratos entre distribuidoras e usinas.
PANORAMA PECUÁRIO
Aves e Suínos
Produtos congelados continuam com alta demanda e percebe-se uma pequena recuperação do mercado de resfriados, mas que não foi suficiente para melhorar o preço do frango vivo pago ao produtor independente. O produtor independente e os pequenos frigoríficos de aves ainda sentem o reflexo da queda de consumo no food service, que resultou na desvalorização do frango vivo acumulada em cerca de 10% nos dois primeiros dias de abril (SP), conforme dados da JOX Consultoria.
Produtores independentes de suínos estão buscando novas formas de organização coletiva para comercializar a produção, já que as integradoras diminuíram as compras de animais desses produtores em 70%, dando preferência aos produtores integrados. O preço pago pelo suíno a esses produtores nos primeiros dias de abril caiu em todas as praças, variando de -5,2% em Mato Grosso a -15,4% em Minas Gerais em relação à semana passada.
Lácteos
Grandes indústrias mantêm a captação de leite e dão preferência para a produção de leite UHT e leite em pó, já que houve redução do consumo de outros processados como queijos. A publicação do Ofício Circular nº 28/2020 do Ministério da Agricultura permitiu a comercialização de leite de pequenos laticínios com inspeção municipal e estadual para indústrias com inspeção federal, criando uma alternativa para pequenos produtores escoarem a produção.
Boi gordo
As vendas no atacado e no varejo registraram queda nesta semana, especialmente os cortes nobres. Prevendo a redução no consumo interno, três plantas frigoríficas de Mato Grosso do Sul entraram em férias coletivas nesta semana. No total, são 11 plantas frigoríficas paralisadas, o que contribui para a desvalorização do preço da @ ao produtor em 3,5% nos últimos 5 dias.
Para manter o abastecimento de alimentos no país e apoiar o produtor no enfrentamento dessa crise, o setor conta com o apoio do Governo federal quanto à isenção de PIS/PASEP que incide sobre a suplementação animal, que contribuiria para a redução dos custos de produção, dando mais competitividade.
Aquicultura
As empresas verticalizadas de tilápia ou os produtores que entregam para entrepostos de pescado estão funcionando em plena capacidade. Eles optaram por redirecionar a produção que ia para o food service para as redes varejistas, onde houve aumento de demanda. Os produtores que comercializam peixe fresco para as Ceasas e feiras livres continuam com dificuldade de escoar sua produção. Produtores de camarão ainda sofrem com a redução drástica da demanda. A alternativa está sendo buscar novos mercados externos que remunerem bem o produto.
Alimentação Animal
O alto preço do milho e do farelo de soja tem preocupado produtores pecuaristas. Em 2020, o milho já acumula valorização de 18,3% no mercado interno brasileiro. Se a tendência de alta dos insumos para alimentação animal for mantida, os pecuaristas devem sofrer com margens negativas e perda de competitividade.