29/01/2024 - O Cepea estima que a margem bruta dos produtores brasileiros de leite tenha recuado 67% em 2023
Fonte: Canal Rural
O preço do leite captado em dezembro de 2023 subiu 1,2% em relação a novembro, para R$ 2,0335/litro, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.
Apesar da alta no último mês do ano, o preço médio do leite pago ao produtor em 2023 foi de R$ 2,4680/litro, 14% menor que o registrado no ano anterior.
De acordo com o Cepea, a valorização do leite cru em dezembro se deve à oferta limitada, que vem, inclusive, acirrando a disputa entre laticínios.
O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 1,64% de novembro para dezembro.
Além da questão climática, as margens espremidas dos pecuaristas explicam a queda na produção de leite.
A pesquisa do Cepea mostra que o Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira na “Média Brasil” seguiu em alta em dezembro, registrando aumento de 0,48% em relação ao mês anterior.
No acumulado de 2023, o COE caiu 4,38% na “Média Brasil” – redução muito inferior à da receita, resultando em margens apertadas para os produtores.
O Cepea estima que a margem bruta dos produtores tenha recuado 67% em 2023, o que explica a diminuição dos investimentos na atividade e o enxugamento da oferta.
Por outro lado, o aumento no preço do leite ao produtor em dezembro não se refletiu em altas nas cotações dos derivados.
Segundo pesquisadores do Cepea, os laticínios não conseguiram fazer o repasse para os canais de distribuição em razão da maior pressão por preços baixos, do aumento da disputa entre laticínios na venda dos lácteos e da concorrência com produtos importados.
As importações de lácteos cresceram 10,5% em dezembro, chegando a 226,2 milhões de litros em equivalente leite adquiridos, o maior volume desde setembro/2016, segundo dados da Secex.
Com isso, as compras externas em 2023 somaram 2,25 bilhões de litros em equivalente leite, quantidade 68,8% maior que a observada em 2022.
A expectativa dos agentes de mercado é que os preços ao produtor sigam elevados em janeiro, tendo em vista a limitação da oferta. Porém, como o mercado de derivados tem reagido de forma lenta, a perspectiva é que as altas possam ser pouco intensas.